segunda-feira, 18 de junho de 2007

"E ainda a madrugada nos saudou na estrada / Que ficou toda dourada e azul."

Fase de comemorar a existência.
Após noites e noites sem dormir, hibernar num frio incomum até então, limpar os e-mails, organizar os "Favoritos", dormir de conchinha com pouca hora marcada, brindar na boate, na pastelaria, na casa da avó de Elis, na casa de Mô com o vinho que se comprou, poucos beberam e sobrou, pra comemorar again, fazendo faxina e assistindo "A Pedra do Reino".
Dos festejos e brindes, agora deglute-se um grau da entorpecência mais forte: coca-cola da tampa preta enquanto espero a receita.
Como se não bastassem os remédios de tarja cor similar, os das vermelhinhas, de sempre, e os livres (a tosse tá incomodando, um EMSzinho básico, xaropinho), mais a acrescentar como motivo de sempre buscar estar em clima de celebração.
O fim de semana foi mais "comemorativo", "brindando sim" durante todo o caminho com fermentados.
O tempo pede e merece.
'Não posso' beber, digo sim, e digo mais: fui lá e fiz. Não lido bem com impedimentos. Desejo-mulher, sempre forte: não passar vontade.
A sensação era de sonho.
Não há palavras que eu possa aqui lançar, com qualquer das maestrias que verifico nos queridos livros, que pudessem descrever a turba de sentimentos e visões vivenciados durante todo o fim de semana, muito menos a beatitude destes.
Lindo. Tudo o mais lindo, estávamos nós, faltava um, num muro desenhado entre os montes que subiam, subiam bem alto, desafiando mesmo o Olimpo.
Foi pro pouco, deuses, que não chegamos lá falantes e rintes que só a mulesta, pra perturbar: já estávamos no meio das nuvens, bem em cima das montanhas.
Um vale de um lado, melhor, uma vala dos dois. Pseudo-cânion nordestino: serra de Araruna.
Antes tivesse uma memória melhor para relembrar as aulas de Geografia e colocar aqui o nome do acidente geográfico, só sei que era um precipiciozinho, um do lado, outro do outro, com montanhas, e nós mesmo no meinho, dentro do carro, em cima do muro construido entre esses dois buracos, passando por entre as nuvens.
Os pássaros exibiram-se para nós. Começaram a nos aparecer os urubus, ainda na estrada de ida; na volta, corujas, de olhos faiscantes em contato com o farol do carro. Desafiadoras, lançavam as luzes fluorescentes, as "Espadas SkyWalkers" pra depois voarem, estendendo as suas asas compridas antes.
"-Gente, uma coruja!! Vocês viram uma coruja no meio da estrada?"
Ninguém tinha visto, mas outra mostrou-se depois, e suas espadas de luz, e suas asas estiradas antes de voar.
Conversamos com uma ave: um peru.
"-AAAAAAhhhhhhhhhh (grito estridente de mulher)!!!!"
"-Ah-glu-glu-glu-glu!!" respondeu o peru, na ida pra bela e banguela Pedra da Boca, inflamado e surpreso. Queríamos mais papo na volta, mas o peru devia ter entrado pra casa.
O estado de beatitude e percepção que disse "O Mundo de Sofia", imprescindível para florescer bons filósofos, realmente nos habitava: assustávamos com o que os outros talvez creditassem por banal, os nativos, os transeuntes, os viajantes, quaisquer destes que possam ter cometido o pecado de passar incólumes diante daquilo tudo. Falo mesmo custando a crer que existam, mas existe de tudo nesse mundo, não?
Acreditem: vivenciar a sensação de que existe Deus (DE NOVO) foi possível.
Pavões nos olhavam passar.
Piramos.
Demos ré pra vislumbrar.
O pavão posou pra foto, ficou nos olhando mais uns minutos, virou as costas, desceu da porteira e entrou.
Outra não poderia ser a essência daquela beleza inexplicável toda.
Beleza turqueza, verde, cinza, cintilante, aquosa, luminosa, "dourada e azul".
A felicidade inexplicável toda de pura contemplação.
A saudade gritante, cortante como o frio, doente como toda saudade, pulsava pontadas quentes que culminaram em lágrimas após o fim das 4 unidades do cartão telefônico. Em expressões muitas que saltavam do coração pra boca que falava, falava, falava sem parar. Saudades pungentes. Vivas, vivas, como o Amor tão pleno em minha vida, que adoeceu e ficou com medo do frio que realmente era frio de dar medo.
Festejo.
Agradecimento.
Brindes sim.
A existência tem muito, muito a ser brindada.
Agora sendo com coca-cola da tampa preta, pra esperar um feito da cozinha Alexandrina (bombásticaaaa!!): macarronada com calabresa e batatas gratinadas.
___________________________________________________________________
Todos os agradecimentos do mundo pela existência de todos os que possibilitam uma vivência, uma existência, tão completa, de forma direta feito seta, e indireta.
A frieza da língua (credito mais a falta de destreza da que escreve, pensando bem), contraposta com a riqueza das experiências, acrescida pelo desconhecimento de muitas das palavras que pudessem conter, quem sabe cores, quem sabe sons fizessem melhor, percepções táteis fizessem melhor, farão mais que necessários outros capítulos sobre os muitos episódios vividos na terra da "bela e banguela" - que fez brotar-me um nome - e nos tempos mais que circundam esta que vos fala.
Extensas prosas.

sábado, 16 de junho de 2007

Palavras refletem reflexos de espelho.

"O que Pedro fala sobre Paulo diz muito mais de Pedro que de Paulo".

domingo, 10 de junho de 2007

ATO: NEGO ESTE CIDADÃO PARAIBANO!!!!

Ao abrir o orkut, eis que vejo uma mensagem:

"Olá a tod@s...

Convidamos tod@s os paraiban@s, e tbm aqueles/as que adotaram essas terras como sua, para estarem participando na sexta-feira 08/06, do ato: "NEGO ESTE PARAIBANO", às 9h no Espaço Cultural - Tambauzinho;
Em protesto a entrega do título de Cidadão Paraibano ao ex-presidente Fernando Collor, o pivô do mensalão Roberto Jefferson e aos que se dizem representantes do povo, e que propõem um absurdo deste;
Amanhã (quinta-feira 07/06) ás 15h na Praça da Alegria, UFPB, estaremos nos concentrando para uma oficina de preparo de todo o material para a sexta; e uma prévia troca de idéias. Tod@s são bem-vindos, tragam materiais que possam ser utilizados".

Tremi de indignação. Como é??? FERNANDO COLLOR DE MELLO RECEBENDO TÍTULO DE CIDADÃO PARAIBANO?

Nossa, fiquei sem reação por alguns poucos segundos. SIMPLESMENTE "DE CARA"!!! Segundos que se seguiram de tempos e mais tempos de uma profunda, mas muito profunda revolta. Um puta emputecimento.
Mas SERÁ POSSÍVEL?? Honrarias pra vigaristas???
E veio um super clã, uma matilha, uma quadrilha dos grandões: o Exmo. FDP. Mor Srº Fernando Collor e o Exmo. FDP. Srº Roberto Jefferson, réu confesso, digaê???
Acho que pra condecorarem ladrões de alto escalão (altíssimo) só faltou o Excelentíssimo Srº Juiz FDP. Nicolau dos Santos Neto. Mas seria só pra completar mesmo, porque lá dentro do plenário se gritasse "pega ladrão!!!" não ficaria um dos seletos exemplares do cenário político paraibano, que ostenta muitos deste espécimen e tinham vááários empaletozados "exemplares" por lá.
Lamentei amargamente só ter lido o scrap quinta a noite, já tinha se passado a reunião do pessoal na praça da alegria, mas não poderia NUNCA JAMAIS deixar de ir manifestar minha profunda indignação como cidadã!!!


Arre égua, será o caralho?
Fui, chamei amigos, levei tintas, minha irmã fez um cartaz e fui movida por muita indignação presa na goela, ainda que tímida, mas vivamente indigesta, tamanha ojeriza!!!
Como isso?? NÃO, CIDADÃO PARAIBANO, COLLOR DE MELLO, NÃÃÃÃÃÃÃÃOOOOOO!!


Uma orquestra da Polícia Militar ensaiava assim que chegamos, eu e minha irmã, as primeiras a chegar, acho, e ouvimos de fora do Espaço, ainda no meio da rua o som dos instrumentos afinando e depois ensaiando as peças, em decibéis sonoros, para a recepção.
Aos poucos foram chegando os companheiros de indignação, que 'só queriam ver' Fernando Collor e expressar posição contrária aquela condecoração.
Fomos reprimidos de todas as formas. Vieram e argumentaram sobre não poder tocar instrumentos naquele local (uma sonoríssima magnífica alfaia e um intrumento lá imensamente sonoro tb, mas que não sei o nome ao certo, que a galera levou), nem lembro bem quais as outras conjecturas tecidas pela mediadora dos interesses dos 'maiores'. Contradicto como tudo, afinal, a banda a minutos atrás estava tocando com a mulesta no mesmíssimo lugar!!

Claro, os manifestantes foram barrados na entrada, mas todos os demais cidadãos paraibanos puderam participar do evento.
Sem qualquer máscara: os manifestantes contrários não entravam.
Nem se tirassem a tinta da cara (tirada foi), colocasse camisa de botão (colocada foi), e com gravata ainda mais: cidadãos paraibanos contrários a Collor não entravam, com ou sem cartazes.
Mas, uma senhorinha, com cartaz amarelinho com coração de purpurina, com dizeres do tipo "Collor, eu te amo!! Gostaria de poder tirar uma foto com Vossa 'Exlência', se possível" entrou, e ficou lá na frentezinha, doidinha pela tão esperada foto.
Ela também manifestou repúdio pelo manifesto. Bradou, sozinha, pro riso dos seguranças e outros: "Vão embora daqui!! Eu amo Collor, o que é que vocês estão fazendo aqui se não gostam dele? VÃO EMBORA!!!"
Estávamos lá, todos, por sentimentos a Collor. Só que de outra natureza.
Tiraram a banda, mudaram a rota, Collor evaporou e entrou por qualquer outro lugar que não o pré-estabelecido, a rampa que dava acesso ao Cine Banguê. Afinal, "ninguém esperava reações contrárias", e quando vimos, nossa, parece que a polícia reproduziu!!! Tinham bem mais macacos do que quando eu havia chegado!!
Percebemos: Collor talvez não fosse entrar por ali. A banda tinha ido embora, estava mais vazio de gente no local.

"Pedro Medeiros não teme reações contra Collor na PB
06/06/2007 às 09:47

João Costa
O deputado estadual Pedro Medeiros (PSDB), autor da propositura do título de Cidadão Paraibano que será entregue ao ex-presidente Fernando Collor (PTB) na próxima sexta-feira, 8, disse que não teme a ocorrência de reações contrárias ou movimentos de protestos".

"Vamos pra entrada do palco!!!"
E foi lá a base pro ápice da indignação: também não nos deixaram entrar por ali.

Ficamos atrás da porta, ainda aberta, bem perto do plenário, onde os meninos e meninas tocavam alfaia, tambor, cocalho, apitos e bradavam gritos indignados.
A indignação devia estar soando muito forte: mandaram fechar a porta.
Pra quê?
Não adiantou muito o fechamento da porta, o barulho ainda ecoava dentro do plenário, segundo informações de "infiltrados".
Collor só podia ser "condecorado" aqui. Não podia sequer notar que tinha gente contra.
Sabe qual a solução?
SPRAY DE PIMENTA.
Isso mesmo, lançaram spray de pimenta na antesala do palco, onde estávamos. Detalhe: um policial sem identificação.
UM ABSURDOOOOOOOOOOO!!
Um absurdo, uma tirania, um abuso de poder, uma vergonha!!

E tímidas passagens figuraram em algumas televisões.
"Presidente Collor recebe título de cidadão paraibano e traz de volta às ruas o movimento dos caras-pintadas".
Tremi. Trememos de indignação e choramos de spray de pimenta. Bradamos as nossas manifestações.
"Paraibano, esqueça não, Fernando Collor fez e faz corrupção".
Porém em local diferente de nossas poltronas, camas, conversas em refeições. Não ficamos em casa, aplaudindo ou reclamando.
___________________________________________________________________
"Para resfrescar a memória...
O ápice do processo de corrosão do governo de Collor, se deu em maio de 1992 - pouco mais de dois anos após a posse -, quando o próprio irmão do presidente, Pedro Collor, deu entrevista à revista Veja acusando PC de comandar um esquema de grande corrupção, com a conivência do primeiro mandatário da República. Seguiu-se então um processo de investigação em que o Congresso, de um lado, através de uma Comissão Parlamentar de Inquérito, a chamada CPI do PC, e de outro, de modo tão ou mais decisivo, a mídia, mobilizaram a opinião pública nacional em prol da apuração completa dos fatos e responsabilidades.
Comprovado o esquema de corrupção e o envolvimento do presidente, a CPI apresentou seu relatório ao país e entidades da sociedade civil - lideradas pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e pela Associação Brasileira de Imprensa (ABI) - deram entrada no pedido de impeachment do presidente, o que levou a Câmara dos Deputados a afastar Collor do poder. A repercussão das acusações pela imprensa resultaram em uma indignação popular sem precedentes. Esta se acentuou na medida em que a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), organizada para a averiguação dos fatos, acabou por descobrir ligações entre o presidente e os envolvidos diretamente nas negociatas que implicaram no desvio de milhões de dólares dos cofres públicos."
“O povo precisa se educar. Collor nunca foi condenado por nada, portanto não há motivos para reações. A única reação é de aplauso ao ex-presidente e atual senador da República” disse Pedro Medeiros - Deputado Estadual/PB".
___________________________________________________________________
Os agradecimentos todos a todos que compareceram, a Edna, que me enviou o e-mail, que tinha sido enviado por Suzani (agradecimentos a ela também pela receptividade e atitude).
Vamos resgatar a nossa coragem roubada.